Muito provavelmente, você já deve ter ouvido sobre o termo “recuperação verde”, ou ainda, “economia verde”. E, realmente, faz todo sentido que eles não sejam mais novidades. À medida que analisamos os esforços que alguns governos têm feito na direção de, tanto recuperar, quanto prevenir seus países dos eventos climáticos, mais essas expressões se tornam familiares. Na verdade, tudo o que for decidido agora nos impactará pelas próximas décadas.
A economia verde é um modelo de desenvolvimento que busca equilibrar crescimento econômico, sustentabilidade ambiental e inclusão social. Para alguns, talvez, a expressão seja uma novidade, ou ainda, um conceito excessivamente abstrato. Entretanto, esses assuntos são debatidos de forma séria há pelo menos 30 anos.
A população mundial enfrentou em 2019, e nos dois anos seguintes, a sua maior emergência sanitária recente — a pandemia do coronavírus. Ela nos mostrou, da pior maneira possível, o que sempre tivemos dificuldade de enxergar: o quão desigual é nossa sociedade, o quanto somos vulneráveis em tempos de crise, e ainda, como nosso planeta está lutando praticamente sozinho.
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Recuperação verde: um caminho para o crescimento sustentável
Uma economia verde é uma maneira de reconstruir um país enquanto leva todos esses fatores em consideração. Ela dá atenção e soma esforços naquilo que realmente importa. Assim, há prioridade na saúde das pessoas e do planeta, enxergando esses elementos de forma interconectada.
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Isso significa investir em fontes energéticas renováveis e de baixa emissão de carbono, preferencialmente zero. Assim, os recursos são direcionados, por exemplo, à energia solar e eólica, em vez do carvão, petróleo ou gás. Do mesmo modo, prioriza-se o transporte público e os veículos elétricos, substituindo a gasolina e o diesel. O mesmo conceito serve para as moradias. É desejável a existência de programas de incentivo para as casas possuírem eficiência energética. As iniciativas neste sentido devem receber suporte governamental. São ações que protegem a natureza e promovem a economia circular, eliminando, pouco a pouco, a cultura descartável de uso único.
Além disso, a recuperação verde responde de forma proativa a crises climáticas e sociais com foco no longo prazo. Neste aspecto, a escolha acertada é se antecipar ao problema, no lugar de reagir às suas consequências. Desse modo, ao reduzir emissões e estimular as economias locais, ela cria bases sólidas para um futuro mais resiliente e próspero.
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Por que precisamos de uma economia verde agora?
A pandemia de coronavírus de 2019 expôs as desigualdades sociais, as fragilidades econômicas e a vulnerabilidade do meio ambiente. Descobrimos, da pior forma possível, como estamos despreparados para tais desafios. As lições que a pandemia nos deixou, reforçam a urgência de agir para evitar crises futuras e limitar os impactos da emergência climática. Nesse contexto, a economia verde emerge como uma solução indispensável para promover as mudanças estruturais necessárias.
A implementação de uma economia verde requer investimentos massivos em energias renováveis, habitação e transporte. Além disso, se faz necessária a implementação de programas de treinamento e qualificação de funcionários, assim como, a contratação de um grande número de pessoas para os novos empregos nessas áreas. Esses são, sem dúvida, ingredientes importantes para estimular e manter um crescimento econômico e sustentável.
Desse modo, cria-se um ciclo virtuoso que é tanto benéfico para o planeta, como também para a economia, gerando centenas de milhares de novos empregos e desenvolvendo pesquisas e novas tecnologias.
Outro fato que merece atenção são as dificuldades que as indústrias de petróleo e gás começam a enfrentar, na medida que as energias renováveis estão se tornando uma forma mais barata de gerar eletricidade. Assim, a transição para energia solar e eólica representa uma situação de duplo ganho, fornecendo empregos e energia limpa, além de eliminar o uso das fontes poluentes.
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Energias Renováveis e Infraestrutura Sustentável
A pandemia do coronavírus nos deixou uma clara lição: para cuidarmos de nós, precisamos cuidar do planeta. Sem grandes mudanças, enfrentaremos crises ainda mais graves, e não apenas pandemias. A emergência climática já está tendo consequências devastadoras para a vida na Terra, especialmente para os mais pobres e vulneráveis, justamente aqueles que menos contribuíram para isso. Ignorar essa realidade seria desastroso e injusto.
A implantação de um plano de recuperação verde, como já foi dito, poderia gerar centenas de milhares de empregos, mas também, trazer grandes benefícios à saúde pública e ao bem-estar da população. Por exemplo, casas desenvolvidas com melhor isolamento térmico reduzem os custos de energia e também emissões.
Do mesmo modo, um sistema de transporte público, melhor e ecologicamente limpo, pode significar menos tempo de deslocamento com emissões zero de poluentes no meio ambiente, contribuindo para um ar mais limpo, o que pode salvar vidas.
Assim, a economia verde protege o meio ambiente enquanto melhora a saúde pública. Cidades mais limpas e acessíveis garantem maior bem-estar para as populações, reforçando o papel transformador desse modelo econômico.
Precisamos agir agora para limitar as mudanças climáticas catastróficas e proteger a nós mesmos e o planeta onde vivemos. Alguns governos estão falando sobre recuperação verde, mas devemos garantir que essas, não sejam apenas palavras vazias.
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O Brasil está fazendo a sua parte?
Embora o Brasil tenha avançado em setores como energias renováveis, onde se destaca pela geração de energia eólica e hidrelétrica, os desafios permanecem significativos. A falta de políticas públicas consistentes, somada a decisões questionáveis nas áreas energética e ambiental, mostram um país que ainda patina na escolha do rumo a seguir.
Por outro lado, a ampliação do número de usinas termoelétricas como fontes complementares de energia, mostra ações erráticas que atrasam uma transição mais ampla. Além disso, o desmatamento na Amazônia e o uso intensivo de combustíveis fósseis evidenciam a necessidade de maior comprometimento em alinhar o seu desenvolvimento econômico à proteção ambiental.
Entretanto, se for priorizado o investimento em energias limpas e numa infraestrutura moderna, o Brasil poderá liderar a transição para um modelo mais sustentável. Esses investimentos não apenas mitigariam as mudanças climáticas, mas também fortaleceriam a resiliência da economia diante de crises futuras.
Portanto, o Brasil tem a oportunidade de liderar pelo exemplo, mas precisa transformar intenções em ações concretas. A implementação de políticas que priorizem sustentabilidade e inclusão será essencial para o futuro do país. Se o governo e a iniciativa privada trabalharem juntos, o Brasil poderá superar seus desafios internos, além de se destacar como uma potência global na economia verde, podendo inspirar outras nações a seguir pelo mesmo caminho.
Escrito por Mauro Motta, fundador do site Olhar Financeiro, editor do blog e especialista em planejamento e educação financeira pessoal, cujo objetivo é tornar o conhecimento financeiro acessível a todos.