Segundo pesquisa promovida pela Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), 77% das famílias brasileiras terminaram o ano de 2024 endividadas. Por esse motivo, de tempos em tempos o governo promove programas para renegociar dívidas como, por exemplo, o Desenrola Brasil e o Mutirão Renegocia.
Entretanto, independente das ações promovidas pelo governo, a renegociação de dívidas é uma etapa fundamental para todos que buscam retomar o seu controle financeiro. Entretanto, você não precisa esperar pelas oportunidades das renegociações coletivas para quitar as suas dívidas.
Em geral, as instituições financeiras possuem programas próprios de acordo e renegociação buscando reduzir a inadimplência nas suas carteiras. Neste artigo selecionamos seis dicas infalíveis para você renegociar seus débitos. Assim, se você deseja aprender mais sobre o assunto, continue a leitura deste artigo na sequência.

Entenda Suas Dívidas: O Primeiro Passo para a Negociação
O primeiro passo para que você possa iniciar uma negociação é descobrir quais os valores da sua dívida, quem são seus credores, além dos prazos para pagamento de cada um dos seus compromissos. Dessa maneira, entender o seu real cenário financeiro é fundamental para que você possa organizar uma estratégia que o seu orçamento possa comportar.
A maneira mais prática de você identificar todas as suas dívidas, é acessando os portais de defesa do consumidor. Dessa forma, com CPF em mãos, faça o seu cadastro nos sites do SPC e Serasa para ter acesso a todas as dívidas anotadas nesses órgãos. Aliás, muito provavelmente, já existirão propostas para renegociar dívidas nestes locais. Se este for o caso, compare os valores propostos com a sua dívida original e analise as vantagens da proposta.
Além disso, sempre que for analisar uma proposta de negociação de débitos, tenha em mente que todos os débitos são corrigidos mensalmente por juros compostos. Dessa forma, utilize ferramentas financeiras gratuitas para te auxiliarem no cálculo dessas correções monetárias. Nunca decida sem a certeza de que os valores propostos são financeiramente vantajosos.
Avalie sua situação financeira antes de renegociar dívidas
Existem diversas maneiras de você analisar sua situação financeira, incluindo a renda mensal, as despesas, além de determinar o quanto poderá destinar para o pagamento das suas dívidas. Desse modo, soluções como os aplicativos para celulares, planilhas e, até mesmo, anotações em papel são medidas importantes para avaliar o cenário. Caso você tenha interesse, nosso blog disponibiliza, gratuitamente, diversas ferramentas financeiras que podem te auxiliar.
Após estabelecer o quanto poderá usar do seu orçamento na negociação, crie uma reserva para emergências. O objetivo deste fundo é criar um colchão financeiro mínimo para atender imprevistos que comprometam a sua programação. Assim, em caso de necessidades emergenciais você terá condições de resolvê-las sem deixar de honrar os compromissos já firmados.
Além disso, defina um limite claro do valor da parcela que o seu orçamento consegue suportar. Neste ponto, seja conservador, este não é o momento para novas aventuras. Estabeleça um valor mensal que não comprometa as suas necessidades básicas ou, do contrário, você não será capaz de manter os compromissos assumidos.
Como renegociar dívidas com instituições financeiras e credores
As instituições financeiras, sem exceções, querem receber o seu pagamento. Logo, a grande maioria delas possui canais de próprios de negociação, ou ainda, firmas terceirizadas para essa finalidade. Portanto, entre em contato com os seus credores e demonstre sua disposição para pagar. Seja sincero e esclareça as suas reais condições financeiras.
Não fique constrangido em solicitar condições mais favoráveis. Lembre-se que você está num processo de renegociar sua dívida. Portanto, solicite revisão das taxas de juros, prazos maiores, ou ainda, descontos para pagamentos à vista. Em geral, as empresas de crédito possuem margem para renegociar dívidas que eles considerem já perdidas, logo aproveite esse momento.
Além disso, todo o acordo deverá estar documentado. Formalize os detalhes por escrito e exija uma cópia assinada para você. Analise com atenção todas as cláusulas contratuais do seu acordo. Por fim, verifique se tudo o que foi combinado está descrito no seu contrato, isso evitará transtornos futuros.
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Estratégias práticas para reduzir juros e custos das dívidas
Se você possui dívida com uma determinada instituição financeira, pesquise por alternativas de crédito com juros menores. Atualmente existem opções no mercado como a portabilidade de dívidas e os empréstimos consignados que, geralmente, possuem melhores taxas.
Entretanto, antes de tomar uma decisão sobre qual caminho seguir, faça simulações em outras instituições, tanto para portabilidade quanto para o empréstimo consignado. Não deixe de solicitar, também, informações do Custo Efetivo Total (CET) do seu acordo. Somente conhecendo essas taxas você poderá saber quanto pagou efetivamente ao final do empréstimo.
Do mesmo modo, considere centralizar todas as suas dívidas numa única negociação. Essa medida, além de permitir maior facilidade de controlar seus compromissos financeiros, pode proporcionar melhores condições de negociação de taxas e prazos do acordo.
Ferramentas e recursos para auxiliar na renegociação
Além das ações individuais para renegociar dívidas, busque também auxílio de instituições e ferramentas nesse processo. Como dito no início do artigo, os órgãos de defesa do consumidor, geralmente, disponibilizam acordos pré-estabelecidos com os credores. Em alguns casos, existem reduções de até 90% do montante da dívida. Assim, analisar essas propostas e comparar com as suas negociações prévias é uma boa medida.
Da mesma forma, aproveite os feirões de negociação coletiva de dívidas. Esses eventos, geralmente organizados por instituições governamentais, tendem a oferecer ótimas oportunidades de negociação. Na maioria das vezes as instituições que aderem a esses programas se comprometem a fornecer descontos que normalmente não seriam conseguidos nos acordos individuais.
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Mantendo o controle financeiro após renegociar dívidas
Após concluir os acordos de renegociação, algumas medidas precisarão ser tomadas para evitar a reincidência de dívidas no futuro. Portanto, desenvolva uma mentalidade financeira de viver em limites pré-estabelecidos. Uma boa estratégia é manter um padrão de vida ligeiramente abaixo da sua capacidade financeira.
Da mesma forma, mantenha hábitos saudáveis de consumo e evite gastos necessários que possam comprometer a estabilidade das suas finanças. Dentro do possível, estabeleça metas de poupança e investimentos para realização dos seus sonhos no futuro.
Por fim, se empenhe para não assumir novas dívidas, em especial, enquanto estiver quitando compromissos anteriores. Permita-se usufruir dos benefícios de ter suas obrigações quitadas, a manutenção do crédito e o aumento do seu score pessoal. Tais fatores lhe proporcionarão condições diferenciadas em transações financeiras futuras.
Conclusão
Renegociar dívidas é um passo fundamental para recuperar a sua tranquilidade financeira e alcançar uma vida mais equilibrada. Com ferramentas e estratégias apresentadas neste artigo, você pode planejar com eficiência a melhor abordagem para quitar seus compromissos e retomar o controle de seu orçamento.
Assim, com uma estratégia clara e realista, você conseguirá identificar suas dívidas, negociar de forma vantajosa e criar um plano de ação adequado à sua realidade. Dessa forma, ao deixar suas finanças em ordem, você não apenas livrará do peso do endividamento, como também abrirá caminhos para um futuro financeiro mais estável e promissor.
Escrito por Mauro Motta, fundador do site Olhar Financeiro, editor do blog e especialista em planejamento e educação financeira pessoal, cujo objetivo é tornar o conhecimento financeiro acessível a todos.